Aos 57 anos, o ponto mais alto da carreira de Camacho Costa como actor foi a sua participação na série de "humor" "Malucos do Riso", transmitida pela SIC, desempenhando papéis inesquecíveis tais como: aquele homenzinho estranho que tem um supermercado e atende os clientes com rimas, aquele homenzinho estranho que faz de cigano num tribunal ou ainda aquele homenzinho estranho sentado debaixo de um sobreiro a falar com pronúncia do Alentejo. Para além disso, foram várias as participações em revistas à portuguesa e em algumas peças de "teatro de autor" em que era necessário um actor para interpretar um homenzinho estranho. Também trabalhou como crítico de cinema e chegou a limpar o rabo com folhas de alface ao primeiro-ministro Vasco Gonçalves uma ou outra vez. O seu imenso curriculum é sobejamente conhecido por todos nos dias que correm. E porquê? Porque, no preciso momento, em que o actor tornou pública a doença que infelizmente o aflige, deu início a uma insuportável onda de piedadezinha asquerosa que o visado aproveitou em seu benefício como se fosse a coisa mais normal do mundo tratarem-no de "grande figura do teatro nacional" para cima. Seguiram-se as entrevistas, homenagens e até uma entrevista editada em livro.
E é precisamente este o tema das palestras que, brevemente, darão origem a um livro com o título "De nódoa a astro coitadinho-O método Camacho Costa". Não são apenas os aspirantes a homenzinhos irritantes com queixo proeminente, sem dentes e que tratam todas as pessoas do sexo feminino (e uma ou duas do sexo masculino) por "minha querida" que podem beneficiar as suas carreiras com este método revolucionário e já houve outros artistas mais ou menos famosos da nossa praça a pô-lo em prática. Ildeberto Beirão, colega de Camacho nos "Malucos do Riso", um ex-serralheiro com problemas de mau hálito e líbido exagerada, anunciou ao mundo que padecia de uma forma potencialmente letal de sífilis e, quinze dias depois, a Câmara Municipal da Moita inaugurava um parque infantil com o seu nome naquela pitoresca localidade ribeirinha. "Desde que comecei a usar o método Camacho Costa, a minha carreira tem evoluído muito," afirmou Ildeberto entre arrotos.
Outros nomes do mundo do espectáculo que já recorreram a este método infalível foram o cantor Vítor Espadinha, o humorista Badaró e o multifacetado imitador de vozes Fernando Pereira que, desde que revelou ao mundo ser hermafrodita, conseguiu ressuscitar a sua carreira. Também o outrora popular Avô Cantigas admite ser um seguidor do método, referindo que "se não tivesse dotado a personagem de um cancro da próstata fictício, há muito que teria pendurado a peruca." Num futuro próximo, Camacho Costa planeia abrir um instituto para instruir artistas na aplicação do seu método. O ICCTPM (Instituto Camacho Costa Tenham Peninha de Mim) será alojado numa ala do palácio de São Bento gentilmente cedida pelo governo como prova da gratidão de todo um país pelos bons momentos que Camacho Costa nos deu ao longo de anos infindáveis. A inauguração está prevista para Abril, mês dedicado a Camacho Costa em todo o país com homenagens, fogo de artifício e colóquios sobre o actor. Simultaneamente, será lançada uma colecção de miniaturas representando as personagens mais populares de Camacho Costa nos "Malucos do Riso" esculpidas em massapão comestível.
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