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quarta-feira, 30 de abril de 2008

1 de Maio dia do Trabalhador


O primeiro 1º de Maio em Portugal e no mundo


1 de Maio de 1886. Manifestação operária em Chicago termina com mortes e detenções. Três anos depois nascia o Dia do Trabalhador.
No século XIX, a pujança da “Revolução Industrial” conduziu à sujeição dos trabalhadores a condições desumanas de laboração. A necessidade de se produzir o máxima ao mais baixo custo não respeitava idades nem sexos. As organizações sindicais eram incipientes e perseguidas pelas autoridades policiais.
Em 1864 é criada a Primeira Associação Internacional dos Trabalhadores, em Londres. A iniciativa surge num contexto de união entre líderes sindicais e activistas socialistas com vista a dar voz às lutas dos trabalhadores e às nações oprimidas. A esta associação se chamou mais tarde a Primeira Internacional Socialista que duraria sete anos. As divisões ideológicas entre as várias facções (sindicalistas, anarquistas, socialistas, republicanos e democratas radicais, entre outras) puseram fim à agremiação, mas deixaram mais explícitas as reivindicações e propostas pelas quais os trabalhadores se deveriam debater. A redução da jornada de trabalho para as 10 horas diárias era uma delas.
Os objectivos saídos desta Internacional tiveram eco no IV Congresso da American Federation of Labor, em Novembro de 1884. As negociações, sucessivamente falhadas com as entidades patronais, fizeram das cidades operárias um barril de pólvora pronto a explodir. Até que, em 1886, no dia 1 de Maio, teve início uma greve geral com a adesão de mais de 1 milhão de trabalhadores em todo o território norte-americano. A reacção a esta paralisação foi violenta.
Na cidade de Chicago a repressão policial foi especialmente dura. Ao quarto dia de manifestações (dia 4 de Maio) explodiu uma bomba entre a multidão matando dezenas de trabalhadores e alguns polícias. Deste incidente resultou a prisão de oito líderes do movimento. Quatro foram condenados à morte por enforcamento e os restantes a prisão perpétua. Em 1890, o Congresso americano vota a lei que estabelece a jornada de oito horas de trabalho e três anos mais tarde, depois da reabertura do processo que levou à condenação dos oito operários, conclui-se que a bomba que explodiu em Chicago tinha sido colocada pela própria polícia.

O luto fortaleceu a luta


Três anos depois da condenação dos que ficaram conhecidos como os “Mártires de Chicago” as repercussões sentiram-se na Europa. Assim, em 1889, a Segunda Internacional Socialista decidiu, em Paris, proclamar o 1º de Maio como o Dia do Trabalhador em memória dos que morreram em Chicago.
Curiosos são os títulos de alguns jornais americanos a propósito das manifestações dos trabalhadores. O “Chicago Tribune” dizia na altura: “A prisão e os trabalhos forçados são a única solução adequada para a questão social”. O New York Tribune seguia a mesma linha: “Estes brutos só compreendem a força, uma força que possam recordar por várias gerações”. De sublinhar que nos EUA o chamado Labor Day festeja-se a 3 de Setembro e não a 1 de Maio.

Em Portugal


A decisão da Comuna de Paris, de decretar o 1º de Maio como o Dia Internacional do Trabalhador teve repercussões no nosso país. Diz-nos José Mattoso (in História de Portugal, vol. 5), que houve um reforço da luta do movimento operário português em finais do séc. XIX sendo "em torno da associação e da greve que gravita o próprio movimento operário". Entre 1852 e 1910 realizaram-se 559 greves no nosso país. A subida dos salários, a diminuição da jornada de trabalho e a melhoria das condições de laboração eram as principais exigências dos operários.
Mas, segundo o mesmo autor, o movimento operário alcançava grande força quando "aquelas (associações) a que hoje chamaríamos propriamente «sindicatos» se juntavam com as recreativas, as de socorros mútuos e os centros políticos". Tal ficou demonstrado no 1º de Maio de 1900 que juntou em Lisboa cerca de 40 mil pessoas, numa altura em que "as classes médias ainda viam as organizações de trabalhadores com alguma simpatia".
Durante a I República não se deixou de festejar o Dia do Trabalhador, mas sublinhe-se que um dos primeiros diplomas aprovados, com a instituição do novo regime, dizia respeito ao estabelecimento dos feriados nacionais e destes não constava o dia do trabalhador. Em 1933 é decretada a "unicidade sindical" e o "controle governamental dos sindicatos" esmorecendo um movimento operário que só ganharia novo ânimo na década de 40. Durante o Estado Novo as manifestações no Dia do Trabalho (e não do Trabalhador) eram organizadas e controladas pelo Estado.
O primeiro 1º de Maio celebrado em Portugal depois do 25 de Abril foi a maior manifestação alguma vez organizada no país. Só na cidade de Lisboa juntaram-se mais de meio milhão de pessoas. Para muitos, foi a forma dos portugueses demonstrarem a sua adesão ao 25 de Abril, que uma semana antes restituía ao país a democracia.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

QUE VIVA 25 DE ABRIL !


A Revolução de Abril pôs fim à ditadura fascista e à guerra colonial, restituiu a liberdade aos portugueses,
consagrou direitos essenciais dos trabalhadores e dos cidadãos, promoveu mudanças positivas nos valores e mentalidades, impulsionou transformações
económicas e sociais progressistas, abriu caminho à construção de um Portugal democrático.
A política de direita conduzida por sucessivos governos conduziu à destruição sistemática de grandes conquistas de Abril como as nacionalizações e a reforma agrária, recuperou o domínio económico e político do grande capital, enfraqueceu a soberania e a independência nacionais e de novo acentuou desigualdades e injustiças sociais.
Mas os grandes valores da Revolução de Abril criaram profundas raízes na sociedade portuguesa e continuam a inspirar a luta dos trabalhadores e de todos os cidadãos que acreditam que é possível e necessária uma sociedade mais participada, mais justa e mais democrática.
Celebrar hoje os 34 anos da Revolução de Abril significa não esquecer os crimes e a opressão da ditadura fascista e recusar as tentativas de branqueamento e desculpabilização do fascismo e da sua história.
É contrariar o conformismo, a passividade e a perda de memória.
É celebrar o que foi a luta contra a ditadura e as guerras coloniais e o carácter libertador do 25 de Abril.
É valorizar a modernidade e actualidade dos valores e do projecto libertador da Revolução de Abril como elemento indispensável de uma viragem á esquerda na política portuguesa que inscreva no futuro de
Portugal uma efectiva democracia política, económica, cultural e social.

48 anos de ditadura fascista
A não esquecer:


Supressão das liberdades de expressão, de reunião, manifestação e associação.
Proibição de partidos políticos, da liberdade sindical e do direito de greve.
Censura e repressão pela polícia política (só no período de 1932 a 1951, registadas 20 552 prisões políticas).
Perseguições, torturas e prisão de opositores activos à ditadura fascista 13 anos de guerras coloniais, com 10 000 mortos e 30 000 feridos entre os portugueses e muitos milhares de vítimas entre os povos das ex-colónias.
Uma sociedade vigiada, marcada pelo obscurantismo e pelo condicionamento da vida cultural.
Feroz exploração dos trabalhadores e atraso económico e social.
Domínio da economia nacional por 7 grandes grupos monopolistas.
O domínio da economia e da sociedade portuguesa pelos monopolistas e latifundiários aliados ao capital estrangeiro,
afinal os grandes beneficiários da ditadura fascista, fez com que
Portugal chegasse ao 25 de Abril de 1974 como o país mais atrasado da Europa.
A emigração de milhão e meio de portugueses entre 1961 e 1973, que deixaram o país em busca lá fora do trabalho e da liberdade que cá lhes era negado, constitui a mais pungente denúncia da brutalidade e injustiça da ditadura que então existia em Portugal.
Fruto de uma prolongada sementeira de luta e de resistência.
O levantamento militar dirigido pelos heróicos capitães do MFA (Movimento das Forças Armadas) que derrubou o regime fascista e abriu a estrada da liberdade e da democracia, não foi um acontecimento isolado. A iniciativa militar culminou décadas de resistência e de luta contra o fascismo. Foi imediatamente apoiada por um amplo e entusiástico levantamento popular em todo o País, com destaque para as inesquecíveis manifestações do 1º Maio, que constituiu factor decisivo para consolidar a vitória
sobre o regime fascista e assegurar a democracia nascente.
25 de Abril e 1º Maio são tão inseparáveis na celebração da vitória da democracia, como são inseparáveis o contributo dos militares do MFA e da participação massiva dos trabalhadores e do povo português na Revolução de Abril.

terça-feira, 22 de abril de 2008

25 de Abril de 1974



Antecedentes:

A Guerra do Ultramar, um dos precedentes para a revolução na sequência do golpe militar de 28 de Maio de 1926, foi implementado em Portugal um regime autoritário de inspiração fascista. Em 1933 o regime é remodelado, auto - denominado - se Estado Novo e Oliveira Salazar passou a controlar o país, não mais abandonando o poder até 1968, quando este lhe foi retirado por incapacidade, na sequência de uma queda em que sofreu lesões cerebrais. Foi substituído por Marcelo Caetano que dirigiu o país até ser deposto no 25 de Abril de 1974.Sob o governo do Estado Novo, Portugal foi sempre considerado uma ditadura, quer pela oposição, quer pelos observadores estrangeiros quer mesmo pelos próprios dirigentes do regime. Formalmente, existiam eleições, mas estas foram sempre contestadas pela oposição, que sempre acusaram o governo de fraude eleitoral e de desrespeito pelo dever de imparcialidade.O Estado Novo possuía uma polícia política, a PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), uma evolução da ex. - PVDE (Polícia de Vigilância e Defesa do Estado), mais tarde DGS (Direcção-Geral de Segurança), que perseguia os opositores do regime. De acordo com a visão da história dos ideólogos do regime, o país manteve uma política baseada na manutenção das colónias do "Ultramar", ao contrário da maior parte dos países europeus que então desfaziam os seus impérios coloniais. Apesar da contestação nos fóruns mundiais, como na ONU, Portugal manteve uma política de força, tendo sido obrigado, a partir do início dos anos 60, a defender militarmente as colónias contra os grupos independentistas em Angola, Guiné e Moçambique.Economicamente, o regime manteve uma política de condicionamento industrial que resultava no monopólio do mercado português por parte de alguns grupos industriais e financeiros (a acusação de plutocracia é frequente). O país permaneceu pobre até à década de 1960, o que estimulou a emigração. Notou-se, contudo, um ligeiro desenvolvimento económico a partir desta década.o Marcelismo e as Relações Internacionais portuguesas nos anos que antecederam o derrube do Estado Novo: o mito do "orgulhosamente sós"Nos inícios dos anos 1970 o regime autoritário do Estado Novo continuava a pesar sob Portugal. O seu fundador, António Oliveira Salazar, foi destituído em 1968 por incapacidade e veio a falecer em 1970, sendo substituído por Marcelo Caetano na direcção do regime. Qualquer tentativa de reforma política foi impedida pela própria inércia do regime e pelo poder da sua polícia política (PIDE). O regime exilava-se, envelhecido num mundo ocidental em plena efervescência social e intelectual de finais de década de 60, obrigando Portugal a defender pelas forças das armas o Império Português, instalado no imaginário dos ideólogos do regime. Para tal, o país viu-se obrigado a investir grandes esforços numa guerra colonial de pacificação, atitude que contrastava com o resto das potências coloniais que tratavam de assegurar-se da saída do continente africano da forma mais conveniente.O contexto internacional não era favorável ao regime salazarista/marcelista. Com o auge da Guerra Fria, as nações dos blocos Capitalista e Comunista apoiaram e financiaram as guerrilhas das colónias portuguesas, numa tentativa de as atrair para a influência americana ou soviética. A intransigência do regime e mesmo o desejo de muitos colonos de continuarem sob o domínio português, atrasaram o processo de descolonização por quase 20 anos, no caso de Angola e Moçambique. Ao contrário de outras Potências Coloniais Europeias, Portugal mantinha laços fortes e duradouros com as suas colónias africanas. Para muitos portugueses um Império Colonial era necessário para um poder e influência contínuos. Contrastando com Inglaterra e França, os colonizadores portugueses casaram e constituíram família entre os colonos nativos. Apesar das constantes objecções em fóruns nacionais, como a ONU, Portugal manteve as suas colónias como parte integral de Portugal, sentindo-se portanto obrigado a defendê-las militarmente de grupos armados de influência comunista, particularmente após a anexação unilateral e forçada dos enclaves portugueses de Goa, Damão e Diu, em 1991. Em quase todas as colónias portuguesas africanas – Moçambique, Angola, Guiné, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde – surgiram movimentos independentistas, que acabaram por se manifestar sob a forma de guerrilhas armadas. Excepto no caso da Guiné, estas guerrilhas foram facilmente contidas pelas forças portuguesas, apesar dos diversos embargos ao armamento militar fornecido a Portugal. No entanto, os vários conflitos forçaram Salazar e o seu sucessor Caetano a gastar uma maior parte do orçamento de Estado na administração colonial e despesas militares, sendo que cedo Portugal viu-se um pouco isolado do resto do Mundo Após a ascensão de Caetano ao poder, a guerra colonial tornou-se num forte motivo de discussão e num assunto muito focado por parte das forças anti - regime. Muitos estudantes e manifestantes contra a guerra foram forçados a abandonar o país para escapar à prisão e tortura. Economicamente, o regime mantinha a sua política de Corporativismo, o que resultou na concentração da economia portuguesa nas mãos de meia dúzia de industriais. No entanto, a economia crescia fortemente, especialmente após 1950 e Portugal foi mesmo confunda dor da EFTA, OCDE e NATO. A Administração das colónias custava a Portugal um aumento percentual anual no seu orçamento e tal contribuiu para o empobrecimento da Economia Portuguesa, pois o dinheiro era desviado de investimentos infraestruturais na metrópole. Até 1960 o país continuou relativamente pobre, o que estimulou a emigração, após a Segunda Guerra Mundial, para países em rápido crescimento e de escassa mão-de-obra da Europa Ocidental, como França ou Alemanha. Para muitos o Governo português estava envelhecido, sem resposta aparente para um mundo em grande mudança cultural e intelectual.A guerra colonial gerou conflitos entre a sociedade civil e militar, tudo isto ao mesmo tempo que o modelo económico imposto pelo regime fazia com que o país permanecesse pobre, gerando uma forte emigração. Em Fevereiro de 1974, Marcelo Caetano é forçado pela velha guarda do regime a destituir o general António Spínola e os seus apoiantes, quando tentava modificar o curso da política colonial portuguesa, que se revelava demasiado dispendiosa para o país. Nesse momento, em que são reveladas as divisões existentes no seio da elite do regime, o MFA, movimento secreto e clandestino, decide levar adiante uma revolução. O movimento nasce secretamente em 1973 da conspiração de alguns oficiais do exército, primeiramente preocupados com questões profissionais.


Preparação:

Monumento em Grândola a primeira reunião clandestina de capitães foi realizada em Bissau, em 21 de Agosto de 1973. Uma nova reunião, em 9 de Setembro de 1973 no Monte Sobral (Alcáçovas) dá origem ao Movimento das Forças Armadas. No dia 5 de Março de 1974 é aprovado o primeiro documento do movimento: "Os Militares, as Forças Armadas e a Nação". Este documento é posto a circular clandestinamente. No dia 14 de Março o governo demite os generais Spínola e Costa Gomes dos cargos de Vice-Chefe e Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, alegadamente, por estes se terem recusado a participar numa cerimónia de apoio ao regime. No entanto, a verdadeira causa da expulsão dos dois Generais foi o facto do primeiro ter escrito, com a cobertura do segundo, um livro, "Portugal e o Futuro", no qual, pela primeira vez uma alta patente advogava a necessidade de uma solução política para as revoltas separatistas nas colónias e não uma solução militar. No dia 24 de Março a última reunião clandestina decide o derrube do regime pela força.

Movimentações militares durante a Revolução:

Ver cronologia completa de eventos em Cronologia da Revolução dos Cravos. No dia 24 de Abril de 1974, um grupo de militares comandados por Otelo Saraiva de Carvalho instalou secretamente o posto de comando do movimento golpista no quartel da Pontinha, em Lisboa.Às 22h 55m é transmitida a canção ”E depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho, pelos Emissores Associados de Lisboa, emitida por Luís Filipe Costa. Este foi um dos sinais previamente combinados pelos golpistas e que desencadeou a tomada de posições da primeira fase do golpe de estado.O segundo sinal foi dado às 0h20 m, quando foi transmitida a canção ”Grândola Vila Morena, de José Afonso, pelo programa Limite, da Rádio Renascença, que confirmava o golpe e marcava o início das operações. O locutor de serviço nessa emissão foi Leite de Vasconcelos, jornalista e poeta moçambicano.O golpe militar do dia 25 de Abril teve a colaboração de vários regimentos militares que desenvolveram uma acção concertada.No Norte, uma força do CICA 1 liderada pelo Tenente-Coronel Carlos Azeredo toma o Quartel-General da Região Militar do Porto. Estas forças são reforçadas por forças vindas de Lamego. Forças do BC9 de Viana do Castelo tomam o Aeroporto de Pedras Rubras. Forças do CIOE tomam a RTP e o RCP no Porto. O regime reagiu, e o ministro da Defesa ordenou a forças sedeadas em Braga para avançarem sobre o Porto, no que não foi obedecido, já que estas já tinham aderido ao golpe.À Escola Prática de Cavalaria, que partiu de Santarém, coube o papel mais importante: a ocupação do Terreiro do Paço. As forças da Escola Prática de Cavalaria eram comandadas pelo então Capitão Salgueiro Maia. O Terreiro do Paço foi ocupado às primeiras horas da manhã. Salgueiro Maia moveu, mais tarde, parte das suas forças para o Quartel do Carmo onde se encontrava o chefe do governo, Marcelo Caetano, que ao final do dia se rendeu, fazendo, contudo, a exigência de entregar o poder ao General António de Spínola, que não fazia parte do MFA, para que o "poder não caísse na rua". Marcelo Caetano partiu, depois, para a Madeira, rumo ao exílio no Brasil.A revolução, apesar de ser frequentemente qualificada como "pacífica", resultou, contudo, na morte de 4 pessoas, quando elementos da polícia política dispararam sobre um grupo que se manifestava à porta das suas instalações na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa.

Cravo:

O cravo tornou-se o símbolo da Revolução de Abril de 1974; Com o amanhecer as pessoas começaram a juntar-se nas ruas, apoiando os soldados revoltosos; alguém (existem várias versões, sobre quem terá sido, mas uma delas é que uma florista contratada para levar cravos para a abertura de um hotel, foi vista por um soldado que pôs um cravo na espingarda, e em seguida todos o fizeram), começou a distribuir cravos vermelhos pelos soldados, que depressa os colocaram nos canos das espingardas.

Consequências:

Mural na Chamusca, com uma dedicatória ao 25 de Abril no dia seguinte, forma-se a Junta de Salvação Nacional, constituída por militares, e que procederá a um governo de transição. O essencial do programa do MFA é, amiúde, resumido no programa dos três D: Democratizar, Descolonizar, Desenvolver.Entre as medidas imediatas da revolução contam-se a extinção da polícia política (PIDE/DGS) e da Censura. Os sindicatos livres e os partidos foram legalizados. Só a 26 foram libertados os presos políticos, da Prisão de Caxias e de Peniche. Os líderes políticos da oposição no exílio voltaram ao país nos dias seguintes. Passada uma semana, o 1º de Maio foi celebrado legalmente nas ruas pela primeira vez em muitos anos. Em Lisboa reuniram-se cerca de um milhão de pessoas.Portugal passou por um período conturbado que durou cerca de 2 anos, comummente referido como PREC (Processo Revolucionário Em Curso), marcado pela luta entre a esquerda e a direita. Foram nacionalizadas as grandes empresas. Foram igualmente "saneadas" e muitas vezes forçadas ao exílio personalidades que se identificavam com o Estado Novo. No dia 25 de Abril de 1975 realizaram-se as primeiras eleições livres, para a Assembleia Constituinte, que foram ganhas pelo PS. Na sequência dos trabalhos desta assembleia foi elaborada uma nova Constituição, de forte pendor socialista, e estabelecida uma democracia parlamentar de tipo ocidental. A constituição foi aprovada em 1976 pela maioria dos deputados, abstendo-se apenas o CDS.A guerra colonial acabou e, durante o PREC, as colónias africanas e Timor-Leste tornaram-se independentes.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

VIDA DE TONY CARREIRA EM LIVRO



O cantor Tony Carreira lançou recentemente uma autobiografia onde revela que quer gravar um fado de Amália, escolhe o seu melhor concerto de sempre e desvenda que, por vontade do pai, teria sido mecânico.


Coincidindo com os vinte anos de palco, Tony Carreira lançou o livro "A vida que eu escolhi", disponibilizado por altura do seu último concerto no Pavilhão Atlântico, em Lisboa.
O livro foi escrito pelo jornalista Rui Pedro Brás e reproduz as dezenas de horas de "conversas informais" que o autor teve com o cantor romântico. "Eu já tinha feito vários trabalhos sobre o Tony e propus-lhe há um ano fazermos uma autobiografia", disse o autor à agência Lusa, sublinhando que foi apenas um "intermediário" na narração da história do artista.
No entender de Rui Pedro Brás, a vida de Tony Carreira "está repleta de experiências maravilhosas e interessantes", mas o livro dá conta ainda "dos sacrifícios, da família que ficou para segundo plano, da vida complicada que teve".
Ao longo de quase 200 páginas, Tony Carreira partilha o lado mais pessoal e íntimo, a infância passada em Armadouro, onde pastou cabras e viveu longe dos pais, a adolescência em Paris, para onde os pais emigraram e onde nasceu a paixão pela música. As suas histórias são ilustradas por várias fotografias, a maioria retratos de família, do casamento, dos filhos, dos concertos e reproduções de capas de discos.
Os fãs do cantor ficarão ainda a saber como é que surgiu um dos seus grandes êxitos - "Ai destino, ai destino" - como é que conheceu a mulher com quem está casado há 23 anos e os obstáculos que ultrapassou para chegar ao patamar dos mais bem sucedidos cantores românticos da actualidade.
"Não me sinto um ídolo, um cantor que arrasta multidões, alguém que soma discos de platina e enche salas pelo mundo inteiro", diz Tony Carreira. "Sinto-me o mesmo menino que, já mais de trinta anos, abandonou a sua terra em busca de sonho", conclui o cantor. Veja aqui o vídeo da música com o mesmo nome da sua autobiografia.


Mais sobre a vida que Tony escolheuTony Carreira nasceu António Antunes numa casa humilde em Armadouro, na Beira Baixa. O pai emigrou para França poucos dias de nascer e foi o avô António - a quem dedica o livro - que mais o marcou na infância. Diz que era um miúdo reguila, guloso por bolachas Maria e que na adolescência, já em França, se sentiu completamente desenraizado em relação aos rapazes do seu tempo. Trabalhou numa fábrica de enchidos para ganhar dinheiro, mas ainda hoje confessa que detestava o que fazia.
Apesar de hoje esgotar salas de espectáculos e vender milhares de discos, Tony Carreira conta que nem sempre teve sucesso, que fez discos maus e que sacrificou a vida pessoal e a educação dos filhos por causa da vida artística. É por isso que dá mais valor à família e não renega as origens humildes: "Quando não temos nada, aprendemos a dar valor aos mais pequenos prazeres da vida".
Cumpridos os vinte anos, Tony Carreira diz que quer continuar a fazer discos e mostrá-los ao vivo num estádio de futebol e numa digressão acústica em salas pequenas, para estar mais perto do público. Num dos próximos álbuns, é provável que Tony Carreira inclua a primeira canção que se lembra de ter ouvido, o fado "Lágrima", interpretado por Amália Rodrigues. Para ele é "a canção mais bonita do mundo".